Contudo, a previsão da acumulação de lixo induzida pelas cheias ao longo das margens dos rios é complexa devido à interação cumulativa de múltiplos factores ambientais (geomorfológicos e ribeirinhos) e factores antropogénicos.
Utilizando dados empíricos recolhidos em 14 cursos de água de dois rios do Atlântico Norte em Portugal, o nosso estudo avalia quais os factores, entre os descritores geomorfológicos, ripícolas e antropogénicos, que melhor determinam a acumulação de lixo nas margens dos rios após as cheias. Tendo em conta o gradiente longitudinal e a heterogeneidade espacial dos
estudados, o nosso estudo realça a forma como a acumulação e as características (tipo, tamanho) do do lixo ribeirinho variam ao longo de um continuum rural-urbano.
O nosso modelo revela que a combinação da densidade populacional humana e do declive do curso de água na zona de captação apresentou o maior poder explicativo para a acumulação de lixo nas margens do rio. Os nossos resultados indicam que o lixo tende a ser retido perto da fonte, mesmo em condições de cheia. Verificámos também que a estrutura da vegetação ribeirinha apresentou um baixo poder explicativo para a acumulação de lixo. No entanto, a retenção de lixo nas zonas ribeirinhas pode ser influenciada pela entrada de lixo (densidade e tipo), que varia consoante as actividades antropogénicas. com as actividades antropogénicas.
Este trabalho realça a importância da recolha de dados no terreno para identificar as zonas críticas de acumulação de lixo nas bacias hidrográficas. As nossas conclusões podem apoiar os gestores ambientais na conceção e implementação de campanhas de limpeza eficazes e na aplicação de estratégias de recuperação de plásticos em áreas específicas. No entanto, é crucial aumentar os esforços coordenados em toda a cadeia de valor para reduzir a poluição por plásticos, promover abordagens inovadoras para a valorização do lixo plástico e estabelecer e estabelecer vias de prevenção eficazes.