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A acumulação de microplásticos em macroinvertebrados bentónicos é generalizada, independentemente do estado ecológico dos rios

A acumulação de microplásticos em organismos de água doce tende a aumentar com o nível de urbanização junto às margens dos rios.

No entanto, outros fatores também contribuem significativamente para este fenómeno. Os macroinvertebrados bentónicos, em particular, podem ser desproporcionalmente afetados pela presença de microplásticos, devido às suas estratégias alimentares (ex.: organismos filtradores Vs detritívoros), revelando padrões de ingestão específicos consoante o tipo de alimentação.

Apesar disso, permanece incerto até que ponto estas contaminações afetam a comunidade aquática no seu conjunto, o que reforça a importância de estudos in situ que permitam aprofundar esta relação.

Neste contexto, a equipa do Laboratório da Paisagem juntamente com o Centro de Biologia Molecular e Ambiental (CBMA) / Laboratório Associado da Rede de Investigação Aquática (ARNET) da Universidade do Minho, no âmbito do projeto europeu BluePoint, tem vindo a desenvolver investigação aplicada sobre esta temática, contribuindo para um conhecimento mais aprofundado dos ecossistemas aquáticos e para a definição de medidas que promovam a sua proteção.

Publicado em maio de 2025, na revista científica Hydrobiologia, o artigo “Microplastic accumulation in benthic macroinvertebrates is widespread, regardless of the river ecological status” apresenta os resultados de um estudo realizado em 15 troços de três cursos de água no concelho de Guimarães, ao longo de um gradiente rural–urbano.

Os resultados demonstram que os microplásticos foram detetados em organismos aquáticos, independentemente do estado ecológico do rio, sugerindo que o uso do solo urbano não é o único fator determinante na presença destes poluentes. Para além disso, os investigadores identificaram microplásticos em diferentes subfamílias e tribos de Chironomidae, com funções ecológicas distintas, o que poderá facilitar a entrada destes contaminantes na teia alimentar aquática.

Este estudo evidencia que mesmo ecossistemas bem conservados não estão imunes à poluição por microplásticos, sublinhando a urgência de reforçar a investigação e de desenvolver métodos mais eficazes para monitorizar e mitigar os seus efeitos nos organismos aquáticos.

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 https://link.springer.com/article/10.1007/s10750-025-05882-6#citeas