Os solos do Concelho de Guimarães são tipicamente cambissolos, equivalentes a solos calcários e litólicos, formados diretamente a partir da rocha-mãe e com pouca profundidade. Trata-se de solos pouco desenvolvidos, com tempo de formação incipiente, com textura normalmente franco arenosa ou, por vezes, mais fina.
Com base nas informações disponíveis na base de dados INFOSOLOS, foram recolhidas 167 amostras de solo no concelho de Guimarães, entre 1966 e 2009. Esta amostragem demonstrou que, para além de cambissolos, existe uma maior diversidade de solos, identificando-se seis tipos: antrossolos, cambissolos, fluvissolos, leptossolos, regossolos e umbrissolos.
Tipos de solo presentes no Concelho de Guimarães
• Antrossolos: caracterizam-se pela alteração do solo causada pela atividade humana. Podem apresentar boa fertilidade, sobretudo se a atividade anterior tiver incluído práticas agrícolas adequadas.
• Cambissolos: solos pouco profundos, com boa drenagem e capacidade de retenção de água e nutrientes. Apresentam boas condições para a agricultura, adequando-se a diversas culturas, como cereais e hortícolas. Podem necessitar de correção do pH, caso sejam muito ácidos.
• Fluvissolos: formados em ambientes fluviais, são solos jovens, pouco profundos e com boa capacidade de retenção de água. São adequados à agricultura, sobretudo em zonas aluviais, como para culturas de milho ou hortícolas. No entanto, são propensos à erosão e ao alagamento em períodos de chuva intensa.
• Leptossolos: associados a zonas montanhosas, onde a erosão removeu a camada superficial do solo, expondo a rocha subjacente. Apresentam baixa fertilidade e são difíceis de trabalhar na agricultura convencional. Contudo, podem ser utilizados para pastagem ou para culturas que não exijam grande profundidade. Requerem cuidados, como drenagem adequada e adição de matéria orgânica.
• Regossolos: solos jovens, constituídos por material mineral solto, sem propriedades fluviais significativas. Possuem boa capacidade de retenção de água, mas baixo teor de matéria orgânica e fertilidade reduzida. Podem ser melhorados com adubação e incorporação de matéria orgânica, sendo usados sobretudo para culturas temporárias em regiões mais secas.
• Umbrissolos: caracterizam-se por possuírem um horizonte superficial profundo, elevado teor de matéria orgânica e elevada fertilidade. São adequados para culturas exigentes em nutrientes, como hortícolas e frutas. Contudo, o excesso de humidade pode ser um fator limitante para algumas culturas mais sensíveis.
A erosão do solo — ou seja, a perda da camada superficial fértil — é um fenómeno natural que pode ser acelerado por práticas agrícolas inadequadas, afetando a produtividade das culturas e a sustentabilidade dos terrenos.
Em Guimarães, tal como noutras regiões de relevo acentuado, a erosão pode ser significativa em áreas com declives, solos pouco protegidos por vegetação e ocorrência de chuvas intensas.
A suscetibilidade à erosão depende de vários fatores, nomeadamente:
• a intensidade da precipitação;
• a natureza do solo;
• o declive e o comprimento do terreno;
• a cobertura do solo por vegetação ou culturas.
Para calcular o potencial de perda de solo de Guimarães, utilizou-se a Equação Universal de Perdas do Solo, um modelo empírico internacionalmente reconhecido, expresso em toneladas por hectare por ano (t/ha/ano).
A Equação Universal de Perdas do Solo estima a perda média anual de solo com base nos seguintes fatores:
• R – erosividade da chuva (calculada a partir da média da precipitação registada nas estações meteorológicas de Guimarães, entre 2022 e 2024);
• K – erodibilidade do solo (valor associado ao tipo de solo presente no concelho, de acordo com Pimenta, 1998);
• L e S – comprimento e inclinação das encostas, respetivamente (determinados conjuntamente como fator LS, com valores obtidos a partir da camada “LS-factor (Slope Length and Steepness factor) for the EU” da Comissão Europeia, 015);
• C – tipo de cobertura vegetal (valor atribuído de acordo com o uso e ocupação do solo, segundo Pimenta, 1998);
• P – práticas de conservação do solo (considerou-se o valor 1, devido à ausência de informação sobre práticas de conservação no solo local, segundo Petan et al., 2010).
A Equação Universal de Perdas do Solo permite identificar áreas mais vulneráveis à erosão, constituindo uma ferramenta essencial para o planeamento de medidas de conservação e para promover uma gestão mais informada e sustentável do território agrícola.
Potencial da perda anual do solo em Guimarães
Tendo por base o mapa acima apresentado, observa-se que a maioria das áreas que apresenta um potencial de perda anual de solo muito baixa corresponde a áreas artificializadas ou impermeabilizadas — como zonas urbanas, industriais ou infraestruturas — e locais onde o declive é reduzido e/ou as encostas são curtas, o que diminui a probabilidade de erosão.
Com base numa análise estatística sumária representada na figura em baixo, verifica-se que:
Distribuição do território agrícola do Concelho de Guimarães consoante o potencial de perda do solo
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