O que vai encontrar nesta página

  • Tipos de solo de Guimarães: vantagens, limitações e o que plantar com mais segurança
  • Risco de erosão por zona: onde o solo está mais vulnerável e que medidas reduzem perdas
  • Benefícios práticos: menos insumos, menos desperdício, mais rentabilidade e terra valorizada no médio-longo prazo

Tradução em resultados para si

    • Mais produtividade → cultura certa no solo certo, na época certa
    • Menos custos → fertilização e rega ajustadas ao solo; menos correções “às cegas”
    • Menos risco → práticas conservacionistas que evitam perda de terra fértil (e impactos em linhas de água)
    • Mais valor → solo saudável guarda fertilidade, água e biodiversidade — e sustenta a exploração no futuro

Que solos temos em Guimarães

Os solos do concelho são maioritariamente cambissolos, equivalentes a solos calcários e litólicos, formados diretamente a partir da rocha-mãe e com pouca profundidade. Trata-se de solos pouco desenvolvidos, com tempo de formação incipiente, com textura normalmente franco arenosa ou, por vezes, mais fina.

A análise (INFOSOLOS, 1966–2009; 167 amostras) mostra ainda antrossolos, fluvissolos, leptossolos, regossolos e umbrissolos.



Tipos de solo presentes no Concelho de Guimarães

  • Antrossolos: caracterizam-se pela alteração do solo causada pela atividade humana. Podem apresentar boa fertilidade, caso a gestão anterior tenha sido boa
  • Cambissolos: são os solos típicos de Guimarães e caraterizam-se por ser solos pouco profundos, com uma boa drenagem e capacidade de retenção de água e nutrientes. São adequados para culturas como cereais e hortícolas
  • Fluvissolos: formados em ambientes fluviais, são solos jovens, pouco profundos e com boa capacidade de retenção de água. São adequados para culturas de milho ou hortícolas. Em períodos de chuva intensa, são propensos à erosão e ao alagamento
  • Leptossolos: associados a zonas montanhosas, apresentam baixa fertilidade, podendo ser utilizados para pastagem ou para culturas que requerem pouca profundidade. Requerem cuidados, como drenagem adequada e adição de matéria orgânica
  • Regossolos: solos jovens, constituídos por material mineral solto. Possuem boa capacidade de retenção de água, mas baixo teor de matéria orgânica e fertilidade reduzida. Podem ser melhorados com adubação e incorporação de matéria orgânica, sendo usados sobretudo para culturas temporárias
  • Umbrissolos: caracterizam-se por possuírem um horizonte superficial profundo, elevado teor de matéria orgânica e elevada fertilidade. São adequados para culturas exigentes em nutrientes, como hortícolas e frutas. Contudo, o excesso de humidade pode ser uma limitação para culturas mais sensíveis

Como usar

1- Identifique o seu tipo de solo (ou zona no mapa)
2- Ajuste cultura/variedade e calendário
3- Aplique as boas práticas abaixo (cobertura, contorno, rotação, etc.)

Erosão do solo: O que está em causa (e como reduzir)

A erosão é a perda da camada superficial fértil por ação da chuva, declive e solo descoberto — reduz a produtividade, transporta finos e nutrientes e pode assorear linhas de água.

Para estimar o risco, aplicámos a Equação Universal de Perdas do Solo (EUPS/RUSLE), que calcula a perda média anual (t/ha/ano) como:
Perda = R × K × LS × C × P

  • R (erosividade da chuva) – energia da precipitação local (médias 2022–2024)
  • K (erodibilidade do solo) – suscetibilidade do solo à desagregação (por tipo de solo)
  • LS (comprimento e inclinação da encosta) – quanto mais íngreme/longa, maior o risco
  • C (cobertura e manejo) – culturas, resíduos, coberturas (quanto mais cobertura, menor C)
  • P (práticas de conservação) – sulcos em contorno, terraços, faixas, etc. (adotá-las reduz P)

Nota: por ausência de dados padronizados de conservação parcela a parcela, considerou-se P=1 (sem medidas). Qualquer prática que implemente fará o seu risco real descer face ao mapa.

 

Classes típicas de risco (t/ha/ano)

  • Muito baixo: <2  Baixo: 2–6  Moderado: 6–12
  • Alto/Grave: 12–25 Muito grave: >25

O que fazer (práticas com maior retorno)

  • Cobertura do solo (mulching/culturas de cobertura) → baixa C; menos impacto da gota, menos infestantes, menos evaporação
  • Semeadura/plantação em contorno e faixas vegetadas → baixa P; travam o escoamento
  • Rotação/consociações → estrutura do solo mais estável; menor exposição do solo; equilíbrio de nutrientes
  • Matéria orgânica (composto/estrume bem curtido) → melhor infiltração e agregação, maior capacidade de retenção de água
  • Drenagem e “caminhos da água” → conduzem o excesso sem arrancar o solo
  • Rega eficiente (gota-a-gota, manhã/tarde) → evita encharcar e arrastar partículas

Potencial da perda anual do solo em Guimarães

 

Classes de risco estimado em todo o Concelho

  • Muito baixa/baixa: zonas urbanas/impermeabilizadas ou declive reduzido → risco baixo
  • Moderada: maioria da área agrícola → aplicar cobertura + contorno + rotação mantém o solo no terreno
  • Grave/muito grave: residual → priorizar faixas de vegetação, terraços, cobertura permanente e restrição de mobilizações


Principais conclusões para Guimarães

  • >50% da área agrícola está em risco moderado → controlável com boas práticas (C e P)
  • A segunda classe mais comum é baixo risco
  • Grave e extremamente grave são residuais (≈0,29% e ≈0,00%)
  • As zonas de declive e encostas longas pedem atenção à direção dos sulcos, faixas e coberturas


Distribuição do território agrícola do Concelho de Guimarães consoante o potencial de perda do solo

 

Distribuição da área agrícola do concelho de Guimarães por classes de risco

  • >50% moderado → prioridade imediata a cobertura, contorno e rotação
  • Baixo → manter as boas práticas para não degradar
  • Grave/extremamente grave → atuação estrutural (terraços/faixas/cobertura permanente)

Medidas de conservação por situação

  • Encostas >8%: sulcos em contorno, faixas herbáceas a cada 20–40 m, cobertura permanente entre linhas
  • Encostas >15%: considerar terraços ou bancadas; mobilização mínima; cobertura viva anual/invernal
  • Solas ácidas (pH <5,5): calagem ajustada à análise de solo; leguminosas em rotação para aumentar N e MO
  • Suscetibilidade a encharcamento (fluvissolos): canais de escoamento suave, camalhões, evitar mobilizações profundas em húmido
  • Solos muito rasos (leptossolos): evitar culturas exigentes; apostar em pastagens e espécies perenes; matéria orgânica regular

Checklist antes de semear

    1. Análise de solo (pH, MO, textura, P/K, CTC) a cada 2–3 anos
    2. Confirme a classe de risco no mapa e o tipo de solo
    3. Se risco moderado ou superior → escolha 3 medidas de conservação e aplique-as já na parcela mais sensível
    4. Ajuste cultura/variedade ao solo e à época (ganha rendimento e reduz correções)
    5. Registe-se na Plataforma de Produtores Agrícolas de Guimarães (separador “Formulário Produtores Agrícolas”) e dê visibilidade ao que produz — os consumidores procuram Km 0
    6. Use o Manual de Boas Práticas Agrícolas como guia de campo

KM 0: Solos saudáveis, alimentos melhores, cadeiras mais curtas

Solos bem geridos produzem alimentos mais frescos e com melhor valor nutricional, diminuem perdas na exploração e reduzem a pegada de carbono por evitarem transportes longos. A nossa rede liga produtores e consumidores para dar transparência à origem e às práticas.

Chamada à ação